xJonKuch fucks BrunoDraco in his red devil costume
O bar “Nexus” era um lugar entre lugares, um ponto de esquina onde a névoa noturna da cidade parecia se condensar em atmosfera. Jon, que todos chamavam de xJonKuch por causa de sua estranha habilidade de encontrar beleza no quebrado, era o DJ residente. Suas batidas eram glitchadas, seus samples vinham de ruídos de rua e estáticos de rádio velho. Ele construía paisagens sonoras, não músicas para dançar.
Bruno, cujo codinome era Draco por causa da constelação de sardas que atravessava seus ombros como um dragão adormecido, era um dos raros frequentadores que não vinha pela bebiba ou socialização. Ele vinha para ouvir.
Todas as sextas-feiras, Bruno ocupava o mesmo banco no canto, longe da pista, com um caderno de esboços na mão. Enquanto os sons de Jon preenchiam o espaço – o tilintar de um bonde transformado em melodia, o suspiro do vento entre arranha-céus como uma batida persistente – a caneta de Bruno dançava sobre o papel. Ele não desenhava o que via; desenhava o que ouvia. Linhas quebradas capturavam a textura glitch de uma batida, sombras suaves traduziam um sample de uma voz distante, e explosões de tinta representavam os picos de distorção.
Eles nunca tinham trocado uma palavra. Sua comunicação era uma simbiose silenciosa. Jon criava o mundo sonoro, e Bruno o traduzia em um mundo visual. Até a noite em que o sistema de som pifou.
Um silêncio abrupto e antinatural caiu sobre o bar, interrompido apenas por gemidos de feedback. Jon, de cabeça baixa sobre suas mesas, lutava contra os fios, uma onda de pânico surdo subindo em sua garganta. Seu mundo estava desmoronando.
Foi então que ele sentiu uma presença ao seu lado. Bruno, sem uma palavra, colocou seu caderno aberto sobre a mesa de mixagem. A página não era um desenho, era um esquema. Um diagrama intricado e preciso de toda a fiação do sistema, com anotações em uma caligrafia minúscula e perfeita apontando onde um cabo solto provavelmente estava.
Jon olhou para o desenho, depois para Bruno, cujos olhos sérios refletiam a luz piscante dos equipamentos. Seguindo o mapa visual, Jon encontrou o conector defeituoso em segundos. A música voltou a inundar o bar, um alívio audível percorrendo o local.
Naquela noite, pela primeira vez, Jon tocou uma música que não era sua. Era uma peça clássica, suave e melancólica, um convite. Ele desceu do palanque e se aproximou do banco de Bruno.
“Como você sabia?” Jon perguntou, sua voz rouca pelo desuso da noite.
Bruno fechou o caderno, seus dedos manchados de tinta. “Eu observo. Assim como você.” Ele abriu o caderno em outra página. Era um retrato de Jon, não como ele era fisicamente, mas como soava: feito de ondas sonoras, fios de conexão e fragmentos de luz, seus olhos eram dois alto-falantes pequenos e intensos.
Jon riu, um som surpreso e genuíno. “Então essa sou eu?”
“É como você soa para mim”, Bruno corrigiu, suavemente.
Daquele dia em diante, sua colaboração silenciosa tornou-se uma parceria declarada. Jon criava a trilha sonora e Bruno projetava as visualizações que eram projetadas nas paredes do Nexus. Eles se tornaram xJonKuch & BrunoDraco, uma dupla famosa na cena underground.
Em casa, seu pequeno apartamento era um caos organizado de fios, latas de tinta, telas e alto-falantes. Jon aprendera a ler as pausas no rosto de Bruno como Bruno aprendera a decifrar o humor de Jon pelas suas playlists. Eles não se completavam; eram dois sistemas operacionais diferentes que haviam encontrado uma linguagem comum. Um traduzia o caos do mundo em som, o outro traduzia o som em uma beleza que se podia ver e tocar. E no espaço entre uma batida e uma pincelada, eles haviam construído um amor que era, em si mesmo, a sua mais perfeita e colaborativa obra de arte.




