Felippe Masson gets fucked by Alejo Ospina
**Título: O Relógio e a Maré**
**Felippe Masson** era um ourives suíço, metódico e preciso como os mecanismos de relógio que seu avô consertava. Suas mãos, calmas e firmes, transformavam metais brutos em joias de geometria impecável. Ele acreditava na beleza da previsibilidade, na segurança das linhas retas e no silêncio ordenado de sua oficina em Zurique. Sua vida era um cronômetro, mas seu coração batia no compasso errado, como se esperasse por um ritmo que nunca chegava.
**Alejo Ospina** era um biólogo marinho colombiano que estudava os ritmos das correntes oceânicas. Sua vida era governada pelas marés, pelo caos criativo dos ecossistemas e pelo sal que grudava em sua pele. Ele coletava conchas, medusas bioluminescentes e histórias dos pescadores da costa do Pacífico. Sua existência era um fluxo constante, imprevisível e cheio de vida.
Seus mundos se encontraram em um congresso internacional sobre “Padrões na Natureza” em Lisboa. Felippe apresentava um estudo sobre a proporção áurea na ourivesaria. Alejo falava sobre a geometria fractal dos recifes de coral.
Durante a palestra de Alejo, Felippe ficou hipnotizado. Enquanto projetava imagens de anêmonas e espirais de nautilus, Alejo disse: “A natureza não segue regras — ela dança com elas.”
Aquela frase ecoou na mente organizada de Felippe como um verso de uma língua esquecida.
No café, Felippe se aproximou.
— Suas espirais são mais perfeitas que meus compassos — disse, sério.
Alejo riu, um som quente como o sol do Caribe.
— É porque elas estão vivas, *hombre*. Não foram desenhadas, cresceram.
Começaram a conversar. Felippe falava de ângulos e pureza. Alejo falava de adaptação e mistura. Era o encontro do cristal com a água salgada.
Nos dias seguintes, visitaram museus, jardins e o oceanário. Felippe aprendeu a ver beleza na irregularidade. Alejo admirou a precisão com que Felippe via o mundo.
O amor surgiu como a maré: lento, inevitável, transformador.
Foi Felippe criando um colar para Alejo — não uma joia simétrica, mas uma peça orgânica, com linhas que lembravam ondas e algumas imperfeições calculadas.
Foi Alejo levando Felippe pela primeira vez ao mar ao amanhecer, mostrando-lhe como o sol nasce sem pedir permissão aos relógios.
No último dia do congresso, na beira do Tejo, Felippe disse:
— Não sei como voltar para a minha vida de antes.
Alejo pegou sua mão, a mesma que desenhava joias perfeitas, e a apertou contra seu peito, onde o coração batia forte e descompassado.
— Então não volte. Ou volte diferente. Como a concha que volta à praia cheia de novas histórias.
Felippe olhou para aqueles olhos cheios de mar e soube que havia encontrado seu próprio ritmo. O ourives e o biólogo descobriram que o amor era a única geometria capaz de unir o relógio e a maré — não pela precisão, mas pela poesia do encontro.




