Fist-fuck session – Georgi Mitev, Kike Gil

O aroma de café turco e pão fresco enchia o pequeno apartamento de Georgi Mitev em um bairro antigo de Sófia. Era uma manhã cinzenta de outono, típica, mas o coração de Georgi estava estranhamente leve. Na tela do seu laptop, uma janela de vídeo mostrava um quarto ensolarado em Valencia, onde um homem de cabelos escuros e um sorriso que parecia desafiar a distância o olhava.
— Bom dia, velho — disse Kike Gil, em um espanhol acelerado que Georgi já conseguia decifrar com a facilidade de um código familiar. — Dormiste bem?
— Bom dia, Kike — respondeu Georgi, sua voz um baixo suave contrastando com a energia vibrante do outro. — Dormi. Sonhei que tentávamos cozinhar paella juntos. Foi um desastre.
Kike riu, uma risada aberta e contagiante que fez Georgi sorrir involuntariamente. — A minha avó se reviraria no túmulo. Mas teríamos nos divertido muito.
Assim era a sua rotina há quase um ano. Dois mundos separados por milhares de quilômetros, unidos por um fio de fibra óptica e uma sensação estranha e persistente de pertencimento. Georgi, o historiador búlgaro de meia-idade, reservado e enraizado na melancolia poética dos Bálcãs. Kike, o designer gráfico espanhol, mais novo, cheio de uma energia solar que parecia derreter até a mais teimosa das neves búlgaras.