Romeo Rivera e seu amigo novinho fudendo
Romeo Rivera não acreditava no amor. A ironia do seu nome era um fardo que carregava desde a escola. Ele era um produtor musical, um arquiteto de sons, que construía hits para outros cantarem sobre paixões que lhe parecem tão artificiais quanto uma batida programada. Seu mundo era de cabines à prova de som, fios e corações partidos que ele mesmo mixava em faixas de sucesso.
Tudo mudou numa madrugada de terça-feira, na lanchonete vazia da esquina. Era seu ritual pós-estúdio: um café ruim e um sanduíche seco. Foi quando ela entrou, com a chuva fina grudando seus cabelos no rosto e os olhos vermelhos de uma desilusão recente. Ela se chamava Elara.
Ela se sentou no balcão, dois bancos de distância, e pediu um café. O silêncio entre eles era pesado, até que a música ambiente da lanchonete—uma balada romântica e piegas—fez Elara soltar uma risada amarga.
“Essa é a pior parte”, ela sussurrou, mais para si mesma. “Dizem que a música cura um coração partido, mas ela só mente.”
Romeo, por um impulso que não reconheceu, respondeu sem pensar. “É porque você está ouvindo as músicas erradas.”
Ele pagou o café dela. Ela aceitou, com um sorriso triste. Na noite seguinte, ela voltou. E na outra. As conversas foram se alongando. Romeo descobriu que ela era uma bibliotecária que acreditava que as melhores histórias não estavam nos livros, mas nas pessoas. Elara descobriu que por trás do cinismo do produtor, havia um homem que ouvia o mundo em camadas, que podia encontrar a tristeza em um acorde menor escondido sob uma batida feliz.
Uma noite, Romeo chegou à lanchonete com seus fones de ouvido e um tablet. “Experimente”, disse ele, passando-lhe os fones.
Era uma melodia que ele havia composto naquela semana. Não havia letra, apenas pianos e uma batida suave. Era triste, mas também esperançosa. Era a história deles, traduzida em som. Elara ouviu com os olhos fechados e, quando os abriu, havia uma lágrima escorrendo.
“É a coisa mais honesta que já ouvi”, disse ela.
Romeo Rivera, o homem que consertava carreiras mas não acreditava em amor, percebeu que havia encontrado a única pessoa para quem ele não precisava produzir nada. Ele só precisava ser. E naquela lanchonete comum, com uma mulher extraordinária, ele finalmente entendeu o peso do seu nome. Não era uma maldição. Era uma profecia que simplesmente não havia encontrado a pessoa certa para cumprir.




